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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Filosofia e Religião

Corre no senso comum que a filosofia afasta os seus adptos da crença em Deus, isso é realmente verdade?

4 comentários:

  1. Creio que tudo o que abre os olhos pode acabar afastando dessa religião que oprime e serve aos poderosos. Por outro lado, a religião também pode ser forma de emancipação, vide as correntes mais progressistas do Cristianismo. Portanto, depende da forma que se encara. Não sei até que ponto Marx foi exato ao colocá-la como ópio do povo. Funciona assim quando é instrumentalizada, mas há como usá-la como forma para construir uma realidade diferente.

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  2. Querido Ferreira, ótima iniciativa, o Blog. Eu me encontrei e identifiquei com os assuntos e as idéias escritas. Você escreve com clareza, profundidade e tamanha riqueza de detalhes, o que permite visualizar as cenas ou situações e facilmente se envolver com o contexto.
    Fiquei pensando na questão que fez... Pergunta que me deixou inquieta - te agradeço muito - e eu inquietei alguns colegas. Achei interessante e vou postar as contribuições deles aqui, neste importante espaço que você criou, para compartilharmos idéias.
    Wânia

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  3. A resposta a essa pergunta do ponto de vista da Filosofia é muitíssimo complexo. Envolve um conhecimento de Antropologia Filosófica, de Ontologia e de Filosofia da Religião que não são conhecimentos fáceis.
    Mas ficando no Senso Comum eu diria que se pensarmos que a Filosofia é crítica fundante de todos os saberes e fazeres humanos uma conclusão possível é a idéia de Deus ser uma criação do próprio pensar humano. De que o transcedente é necessidade do animal humano para dar sentido ao seu limitado espaço vital. Não suportanto o seu limite absurdo o homem cria esse espaço transcendente e lhe dá o nome de Deus, no nosso caso judaico-cristão. Em outras culturas recebe outros nomes. E é essa criação que lhe confere o sentido maior que sua irritante finitude... ora, isso nos leva a galope para o ateísmo, ou não?
    São questões do existencialismo humanista: podemos negar a existência de Deus? É possível não existir Deus?
    Por outro lado pode ser pensado que o questionamento filósofico da existência de Deus faz parte do processo humano de compreensão crítica da realidade. E questionar pode nos tornar estranhos e o que parece traição à nossa crença ou fé pode fazer compreender melhor aquilo ou aquele a que aderimos, ou escolhemos.
    Ademais a fé é experiência humana e questioná-la muitas vezes nos confunde e parece que se nega Deus e não as práticas de fé que devem ser criticadas por que não condizem com a construção humana. E não é importante uma crítica constante das práticas de fé?
    Na verdade quando se pergunta pela existência de Deus, pode perfeitamente chegar à conclusão de que Ele existe ou que Ele não existe. Vai depender do caminho filosófico que se escolheu trilhar para pensar essa questão: se é o caminho ontológico de um Santo Ancelmo ou de um Santo Agostinho ou se é um caminho fenomenológico de um Heideger ou se é dentro da problemática teológica de um Kant ou se é via existencialismo de um Sarte... As referências ou os paradigmas nos levam a certas conclusões.
    - Contribuição de Júlia Silvana -

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  4. Definir a visão do Senso Comum sobre a questão da "Filosofia" é sempre um caminho que deve ser percorrido com muita cautela, analisando todos os conceitos e re-pensando o que entendemos sobre filosofias e sobre Filosofia.
    Existem várias correntes filosóficas que se desenvolveram ao longo da história, e são como lentes que nos ajudam a enxergar o mundo de determinado jeito, de acordo com suas explicações e definições, baseadas sempre em sua perspectiva de análise sobre o mundo, essas são as filosofias.
    A Filosofia que nos interessa para responder a questão é um Ciência que engloba essas várias filosofias, é uma prática discursiva que tem a vida como meio e o ser humano como finalidade, uma busca incessante pela verdade, esteja onde estiver, quebrando as barreiras, dogmas e pensamentos pré-definidos, nos permitindo re-pensar, re-analisar e nos re-ligar ao longo de nossa vida.
    É justamente essa necessidade de re-flexão que incomoda o senso comum, pois na maioria das vezes destrói alguns poderes instituídos e nos obriga a sairmos das cavernas e queimarmos um pouco os nossos olhos com o sol da sabedoria. Assim, sair de si, refletir, para fazermos a passagem do senso comum para o senso crítico, é um processo de transcendência que, segundo ARANHA (1995), a Filosofia (com F maiúsculo) nos oferece, pois ela "é a possibilidade de transcendência humana, ou seja a capacidade que só o homem tem de superar a situação dada e não-escolhida. Pela transcendência, o homem surge como um ser de projeto, portador da liberdade e de construção de seu destino".
    Nessa conceituação o homem é convidado a filosofar, num processo ontológico que o indica a possibilidade de conhecimento do Ser, de seu Ser, e, consequentemente, de sua natureza, que segundo Santo Agostinho (430 d.C), nos auxiliará na própria busca por Deus.
    Então devemos nos fazer uma importante escolha: ou nos contentamos com o conceito pré-definido de Deus, que percorre pelo senso comum, como um senhor de barbas longas, sentando em algum lugar no Céu, num trono que reluz com ouros e diamantes, determinista e vingativo; ou nos transcendemos, auxiliados pela Filosofia, optando pela busca da verdade, pelo genuíno filosofar, saciando nossa sede existencial pelo sentido da vida, nos conduzindo ao encontro do Ser, que eventualmente chamamos de Deus.
    - Contribuição de Jonas Santana -

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