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sábado, 14 de agosto de 2010

Simples desejos





Queria cantar ao vento...
Na areia andar descalço...
Perseguir sombras...
Resgatar as paixões perdidas...
Não esquecer que vivo...
Que desejo um desejo comum...
Na tua vida ser quem sou...
Notado, percebido, desejado...
Preciso dar sentido ao sentir...
Se o próprio sentido nele não estiver contido...
Pular barreiras e impecilhos...
Sem pieguiçe e sem pudor...
Ser eu mesmo, mas quem sou?
O que penso ser ou o teu verdadeiro amor?

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

De Camila a Camena





A filosofia sempre foi marcada pela presença marcante de homens e pela pouca participação das mulheres, ao menos no que foi publicado ao longo da história, dessa forma inovadora de pensar a realidade e o sentido de tudo que nos rodeia.
Porém, com o advento da filosofia no ensino médio e o surgimento dos grupos de reflexão filosófica, as meninas apresentaram um nível de engajamento intelectual que deixaria Aristóteles intrigado com tamanha capacidade argumentativa do “homem incompleto”, e fico a imaginar a cara de Schopenhauer e a validade da sua afirmativa de que “as mulheres são seres de cabelos longos e ideias curtas”.
Quem ficaria feliz com esse rebuliço feminino seria Platão, que sempre acreditou que as mulheres possuíam a mesma capacidade intelectual dos homens, necessitando apenas de oportunidades semelhantes.
Aproveito a oportunidade para destacar dois grupos de reflexão filosófica os quais tenho a honra de acompanhar, a “Cesta Filosófica” do Colégio Santa Cecília e o “Eureka” do Colégio Nossa Senhora das Graças.
Ambos são marcados pela presença de duas personalidades marcantes, no primeiro temos Camila e seu engajamento social e no segundo Camena, que prefiro chamar de Tiara, com seus apelos existenciais, duas jovens que têm ajudado a renovar as ideias desse “jovem estudante há mais tempo”.
Obrigado meninas, o universo não seria o que é se vocês não fossem o que são.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A dor e o prazer da avaliação

DEU UM BRANCO


Jose Ferreira


Durante os raros momentos de folga visual durante as aplicações de provas no Ensino Médio, foi possível vislumbrar pelas frestas da janela e da porta raios de luz e cenas rotineiras e aparentemente insignificantes, e com certo esforço contrapor os diferentes e muitas vezes extremos contidos no mesmo espaço dedicado a educação.
O dia de avaliação, com ênfase na área de ciências exatas, é considerado por alguns não poucos alunos, como um divisor de águas, uma verdadeira morte, mesmo sabendo que este momento avaliativo chegará, o sofrimento, até para aqueles que se sentem preparados, é companheiro fiel.
No momento do indesejado encontro multifacetado de reações: desarranjo estomacal, dor de cabeça, roer de unhas, choro e a busca enlouquecida na tentativa de decorar as fórmulas nos últimos minutos que antecedem a entrega do papel, que carrega em si o temor de ser devolvido como foi recebido, em branco, ou “respondido” sem sentido.
Apreensão, angústia, ansiedade, temor e tremor marcam veementemente o espaço de confinamento onde todos se postam para pintar bonito no papel o que vagueia em suas mentes; bem que em muitos casos o que campeia a imaginação dos adolescentes deve ser abolido por ser demasiado divertido e inadequado para a postura carrancuda empregada no avaliar.
O morder canetas, “pedir” corretivos, ajeitar cabelos, mudar constantemente de posição e o olhar perdido no vazio, como que em busca do cume do próprio eu, ou de uma luz divina que ilumine, como afirma “um outro”, revela que a aparente concentração é mesmo um momento de encontro com a silhueta do que deveria ter assimilado no enfadonho queimar de pestanas tão abominado pela geração tele-besteira e tão necessária à formação da própria identidade.
A espera do toque para poder se livrar do “pepino” é esperado com desejo voraz, quanto mais cedo soltar o ‘abacaxi’ melhor. O toque desempenha um papel redentor, pois possibilita o levantar, caminhar e sair; sair ao encontro dos amigos, encontrá-los nos corredores e comentar o que fez ou o que deixou de fazer. É o ápice do dia. Até mesmo a certeza do erro é mais compensadora do que a árdua labuta na busca do acerto; o desejo é de fuga, como se isso fosse possível.
Os poucos que resistem ao tentador prazer do calor do pátio e do corredor, e bravamente tentam com toda a atenção que possuem e as que podem pedir emprestado, juntar as partes como de um quebra-cabeça incompleto, resta à esperança, por ser a última que morre como expressão da racionalidade, de alcançar uma vitória futura, plantada no momento e regada com o esforço e dedicação, com o suor dos guerreiros do saber.
E lá fora?
Bem lá fora é possível vislumbrar em uma quadra vazia uma menina portando livros e um estojo cor de rosa, que ao perceber a cesta de basquete, coloca-se na linha de três pontos e arremessa confiante a sua bola imaginária revestida da condição de estojo. Sem sucesso o apanha e repete exaustivamente o lance, percebe que alguém a chama; ela com um gesto de paciência pede carinhosamente que espere, e como que no ato heróico e derradeiro, concentra-se profundamente, relativiza tudo ao seu redor; os olhares curiosos, a impaciência da professora e a ausência da bola, portando-se magnificamente, acaricia o estojo amigo e lança-o na certeza do acerto.
Após a conquista sofrida, sai radiante esvoaçando os cabelos lambidos pelo vento, cruza um corredor para em seguida, ser totalmente encoberta por árvores e telhas.
Em dois momentos diversos, manifesta-se a busca constante por atingir uma meta. No primeiro, recheada de obrigatoriedade, é dolorida e prolongada, configurando-se como uma verdadeira tortura o fato de obrigatoriamente ter que se enquadrar em um determinado estilo imposto por um grupo social que os torna inconsciente do seu papel cidadão e de sua força transformadora. A cobrança exacerbada tira o prazer do aprender e como dizia Epicuro, “onde não há prazer, há dor”.
Partindo do pressuposto que todos fomos feitos para felicidade, é lícito fugir daquilo que nos maltrata e machuca, é algo instintivo. A avaliação enquanto agressora recebe repúdio ao invés de satisfação e quanto mais próxima, mais sofrível, o contrário do sentimento da raposa em relação ao Pequeno Príncipe: “Se tu vens às duas horas, ao meio dia já estou a tua espera”.
A ânsia por aquilo que nos eleva torna o tempo maçante e enfadonho ao passo que, concretizando o desejado, ele foge desesperadamente, é o que difere o tempo psicológico do tempo cronológico.
No segundo momento, o prazer e a alegria são patentes fazendo com que o tempo que passa igual para todos não seja percebido.
O que nos leva a refletir sobre a dor e o prazer contidos nos horizontes perseguidos?
É de simples identificação o fato de que, quando a meta é nossa, os desafios e empecilhos são facilmente assimilados e recebe uma dedicação quase que devocional, por ser expressão da “minha” personalidade e a sua consumação aprofunda as relações intersubjetivas por ser uma condição “sine qua non” da formação integral do individuo.
Podemos concluir que só aprende quem quer e só se motiva quem deseja. O educador não é mágico nem milagreiro e sim um ser que partilha a sua especialidade com o desejo de engendrar sonhos nas mentes carcomidas pelo desejo de posse e de consumo, em detrimento da elevação da dignidade da pessoa humana tão desfigurada, empobrecida e subordinada as questões periféricas como cor, credo e interesses pessoais e consumismo exacerbado.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Ser Feliz


Nunca conheci alguém que não desejasse ser feliz,
Nunca encontrei um pobre absoluto, destituído de ilusão,
Um rico satisfeito com a sua acumulação de bens,
Nunca percebi o enrugar do meu rosto,
O mal que faço hoje só vejo amanhã,
Tempo bom foi o passado, eu era feliz e não sabia,
Porque não saber agora, que tempo bom é o que se vivencia?
O passado já não é, e o futuro talvez,
O agora é importante para não se arrepender depois,
O passado sempre volta cobrando a covardia,
De não ter revelado o amor que já sentiu um dia,
Ser feliz só em um caso 100% corpo, alma e coração,
Ser feliz é fugir da ilusão,
De que na outra pessoa mora minha realização.